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| 'aqui tem um bando de louca' |
Essa formiga tem esse nome popular porque é extremamente rápida, e quando incomodada, corre para todo lado aparentemente sem senso de direção. Só que a falta de senso de direção delas fica só nas aparências, porque pela minha experiência, elas 'farejam' açúcar a muitos metros de distância do formigueiro. Basta esquecer qualquer porçãozinha de doce ou de carne que em no mínimo 1h elas já estarão lá.
A formiga em sí já é bastante problemática quando ela começa a invadir a casa, mas aqui ela resolveu ser cordial e confraternizar com outros convidados indsejáveis: Começou a rolar no início do verão uma relação ecológica terrível que inclui essa formiga e outros parasitas de planta. Terrível para mim e para as plantas, pois para os dois insetos envolvidos, é 'tudo de bão', configurando o bom e velho mutualismo, onde os dois saem ganhando. Vou explicar melhor abaixo.
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| Cochonilhas 'causando' no vegetal alheio |
E onde entraria a formiga? Bom, a cochonilha suga a seiva elaborada da planta, a que já tem o açucar produzido nas folhas. Quando ela fura o 'seivoduto' da planta, o líquido sob pressão atravessa seu aparelho digestório e sai do outro lado, na forma de uma gotícula adocicada.
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| direto do forninho |
| Formiga louca e seu amiguinho verde, o pulgão: alegria em dobro |
Claro, se estivéssemos em uma mata, provavelmente teríamos uma maior população de predadores pra controlar tanto a formiga quanto o pulgão/cochonilha, mas aqui no meio de São Paulo os predadores estão em bem menor número. Os insetos 'praga' tem então passe livre para deitar e rolar na abundância de recursos que nós tontos humanos largamos por aí. A formiga, com fornecimento extra de comida garantido, cresceu em número acompanhando a oferta, e começou visivelmente a aumentar sua presença aqui dentro de casa, invadindo praticamente todos os cômodos da casa. Os pulgões e cochonilhas, sem muitos predadores, também deitaram e rolaram, fazendo um arrastão nos brotos novos dos incautos vegetais.
Para deixar o quadro geral ainda mais insano, o honeydew, quando cai nas folhas, mela tudo, e vira um ótimo lugar para o crescimento de fungos prejudiciais à planta, como a fumagina. Pobres plantas..Precisava resolver essa questão. Se você larga o jardim assim, em geral a planta, quando não morre, no mínimo fica horrorosa. E uma planta infestada/infectada serve de plataforma para ataques às plantas vizinhas, que estavam tranquilas no canto delas.
Em geral, quando a planta está sendo muito atacada, como no caso aqui de casa, alguma coisa está indo mal. Ou a adubação está inadequada, umidade errada, ou ela está com pouca ou muita luz, ou água demais ou de menos... Como ainda não descobri o motivo dos ataques, tive que apelar para o Plano B e apelar para o armamento químico, tentando ainda ser o mais 'ecoamigável' possível.
Luz no fim do Túnel
Graças à obra grandiosa da coevolução, muitas das plantas desenvolveram substâncias químicas poderosas para impedir ataques de insetos. A nicotina é uma delas. E é justamente com a nicotina, um poderoso veneno, que podemos fazer um pesticida caseiro para aplicar e matar os parasitas de outras plantas que não tiveram essa sorte de ter o composto em seu sistema. (OBS: ótima hora para refletir sobre seus hábitos tabagistas..). A nicotina do nosso preparado é extraída do fumo de corda. A receita não é minha, retirei-a deste site aqui, mas por conhecê-la receita há tempos, sei que está certa.
Inseticida Natural com Fumo
Quarta receita
fumando inseticida mermão?
100 g de fumo em corda
0,5 litro de álcool
0,5 litro de água
100 g de sabão neutro.
Misturar 100 g de fumo em corda cortado em pedacinhos com meio litro de álcool mais meio litro de água deixando curtir por 15 dias.
Decorrido esse tempo, dissolver o sabão em 10 litros de água e juntar com a mistura já curtida de fumo e álcool. Pulverizar nas plantas, nesta concentração, quando o ataque de pragas é intenso ou diluir em até 20 litros de água no caso de baixa infestação de pragas. No caso de hortaliças, respeitar um intervalo mínimo de 12 dias antes da colheita.
O fumo é bão, mas eu mesmo virei adepto de outro tipo de inseticida, que é tão natural quanto, mas que achei mais eficaz: O óleo de Neem. O óleo de Neem, assim como a nicotina, é também um composto produzido por vegetais, no caso uma árvore indiana, para enfrentar seus parasitas. Esse, para uso humano em residências como inseticida, é ainda mais indicado, porque é específico para artrópodes (basicamente insetos e aracnídeos), imitando o hormônio de muda de pele que só eles tem, a ecdizona. O composto especial que a planta produz chama-se Azadiractina, devido ao nome científico do Neem, Azadirachta indica. Olha só como são as fórmulas estruturais:
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| ecdisona |
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| Azadiroquê? |
Quando consumido ou em contato direto com os insetos , o óleo de Neem entra no metabolismo do artrópode e colapsa tudo, em geral esculhambando o finamente regulado processo de muda, fazendo o 'bichim' trocar de carapaça antes da hora, matando-o.
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| É aqui que a Azadiractina entra, esculhambando o ritmo das mudas |
Em geral em uns 2 dias não sobra mais praticamente nenhum pulgão ou cochonilha para contar a história. Por agir em algo particular dos artrópodes, o óleo de neem não vai detonar nem a sua saúde nem a dos seus filhos nem dos seus animais domésticos vetebrados. Em geral você encontra o óleo em qualquer casa de jardinagem, não é muito caro (uns 14 reais o pote que dá pra umas 7 aplicações de 2 litros) e além de não ser toxico aos vertebrados, é biodegradável (se degrada depois de 100h de exposição à luz e água).
Enquanto não encontro as raízes do problema que está infernizando minhas plantas, o plano B tem funcionado bem. Vou tentar aprender a fazer análise de solo, porque é onde acho que estou errando. Fui!






achei muito legal! isso me lembrou de um paper ...http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3156822/...vai q te dá uma luz ai! hehe..depois me conta!
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