quinta-feira, 21 de março de 2013

Os 7 pecados capitais dos cultivares Transgênicos





sinônimo de 'não consumir'
se puder, fuja de mim

Aproveito aqui no blog para deixar 7 bons motivos, eficientemente elencados pelo Greenpeace, para ser contra os cultivares agrícolas transgênicos, pelo menos da forma como vêm sendo comercializados e utilizados até o presente momento.

Qualquer dúvida, comentem que eu tento responder.






1. Contaminação genética

Agricultores que queiram se dedicar ao cultivo convencional ou orgânico já sabem: se tiver alguma plantação transgênica nas redondezas, a contaminação é garantida e a missão, impossível. Tem sido assim nos Estados Unidos, onde tudo começou, na Europa, Argentina e sul do Brasil. Com a contaminação, agricultores têm prejuízos ao perderem o direito de vender suas safras como convencionais e/ou orgânicas.

2. Ameaça à biodiversidade 

A contaminação genética pode ter também um efeito devastador na biodiversidade do planeta. Ao liberar organismos geneticamente modificados na natureza, colocamos em risco variedades nativas de sementes que vêm sendo cultivadas há milênios pela humanidade. Além disso, os transgênicos podem afetar diretamente seres vivos que habitam o entorno das plantações, conforme indicam estudos científicos – como no caso das borboletas monarcas, que são insetos não-alvo da planta transgênica inseticida, mas são também atingidas. 

3. Dependência dos agricultores 

A empresa de biotecnologia Monsanto é hoje a maior produtora de sementes do mundo, convencionais e transgênicas. Além disso, é também uma das maiores fabricantes de herbicidas do planeta, com destaque para o Roundup, muito usado em plantações de soja geneticamente modificada no sul do Brasil. Com essa venda casada – semente transgênica mais o herbicida ao qual a planta é resistente -, os agricultores ficam presos num ciclo vicioso, totalmente dependentes de poucas empresas e das políticas de preços adotadas por elas.

Outro grande problema verificado nos países que têm adotados os transgênicos – principalmente os Estados Unidos e Argentina -, é a draconiana propriedade intelectual exercida pelas empresas sobre as sementes transgênicas. O agricultor é proibido de guardar sementes de um ano para o outro, podendo sofrer pesados processos caso faça isso, e ainda corre o risco de ser processado de qualquer maneira caso a sua plantação sofra contaminação genética de uma outra transgênica – e ele não tiver como provar isso.

4. Baixa produtividade

Num primeiro momento, os transgênicos podem até ser mais produtivos do que os cultivos convencionais ou orgânicos/ecológicos, mas no médio e longo prazos, o que se tem verificado é uma redução na produção e um aumento significativo nos preços dos insumos como o glifosato, principal herbicida usado em plantações transgênicas.
Os argumentos de quem defende os transgênicos como solução para a crise alimentar que vivemos vêm caindo por terra dia após dia. Os transgênicos já se mostraram pouco competitivos economicamente e recentes estudos promovidos por universidades americanas comprovaram que variedades transgênicas são até 15% menos produtivas do que as convencionais. Confrontadas com os resultados das pesquisas, empresas de biotecnologia admitiram que seus transgênicos não foram criados para serem mais produtivos, mas sim para serem resistentes aos agrotóxicos fabricados por essas mesmas empresas.


5. Desrespeito ao consumidor (rotulagem)

O Brasil tem uma lei de rotulagem em vigor desde 2004, que obriga os fabricantes de alimentos a rotular as embalagens de todo produto que usam 1% ou mais de matéria-prima transgênica. No entanto, apenas duas empresas de óleo de soja rotulam algumas de suas marcas do produto – e mesmo assim só depois de terem sido acionadas judicionalmente pelo Ministério Público. Há milhares de produtos nas prateleiras dos supermercados brasileiros que chegam à mesa das pessoas sem a devida informação sobre o uso de substâncias geneticamente modificadas, numa afronta direta à lei e num claro desrespeito ao consumido.

6. Uso excessivo de herbicida

O caso da Argentina é emblemático: depois que os transgênicos começaram a serem plantados em suas terras, o consumo de herbicida explodiu no país, que passou a ser um dos que mais usam produtos químicos em plantações no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. A explicação é simples: como os transgênicos são resistentes a um tipo específico de herbicida, o agricultor usa cada vez mais dele para proteger sua plantação de pragas. Com o tempo, no entanto, esse uso excessivo provoca problemas no solo, nos trabalhadores e promove o surgimento de pragas resistentes ao herbicida (arquivo em pdf para baixar), exigindo mais e mais aplicações.

7. Ameaça à saúde humana

No Brasil, infelizmente, não existe o mesmo cuidado. A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), responsável pela aprovação de transgênicos no país, vem dando sinal verde para variedades que enfrentam grande resistência em outros países, como no caso do milho MON810, da Monsanto, proibido na Europa e liberado no Brasil.Não existem estudos científicos que comprovem a segurança dos transgênicos para a saúde humana. Apesar de exigidos por governos de todo o mundo, as empresas de biotecnologia nunca conseguiram apresentar relatórios nesse sentido – e ainda assim, seus produtos são aprovados. Por outro lado, alguns estudos independentes indicaram problemas sérios, como alterações de órgãos internos (rins e fígado) de cobaias alimentadas com milho transgênico MON863 da Monsanto.E ainda há o risco do uso excessivo do glusofinato, componente ativo da variedade transgênica Liberty Link, da Bayer, presente tanto no milho como no arroz geneticamente modificado produzido pela empresa. Problemas como esses levaram alguns países, como a Áustria, a proibírem a importação e comercialização desses produtos.

Como o mundo ainda não sofreu nenhuma grande mudança de consciência e o individual ainda está afrente do coletivo, acredito que infelizmente essa lista contra os cultivares transgênicos se manterá 'atual' por um bom tempo. Como esperar não é saber, vamos 'fazer a hora' e agir para mudar esse triste quadro!
Dica de leitura: O blog "Em Pratos Limpos" acompanha de perto a questão dos agrotóxicos e transgênicos, vale a pena conferir. Força na nossa luta por uma agricultura realmente sustentável e justa!

Relações ecológicas no meu quintal: um mutualismo não muito bem vindo

Enquanto lia um livro chamado 'O menino soldado', uma autobiografia de um cara que teve a infância perdida em meio à guerra em Serra Leoa nos idos da década de 90, reparei em diminutas e agitadas formigas pretas correndo pra lá e pra cá. Sempre atarefadas, pratcamente não dormem, são símbolo do trabalho. Só que na prática sei muito pouco sobre elas. Resolvi aprender um pouco mais.

'aqui tem um bando de louca'
Na internet descobri que essa formiga, popularmente conhecida como 'formiga louca' (Paratrechina longicornis), é uma peste urbana originária da África que introduzida acidentalmente no Brasil. Aqui infernizam boa parte das casas da vizinhança atrás de comida açucarada e/ou protéica (carnes e insetos mortos).

Essa formiga tem esse nome popular porque é extremamente rápida, e quando incomodada, corre para todo lado aparentemente sem senso de direção. Só que a falta de senso de direção delas fica só nas aparências, porque pela minha experiência, elas 'farejam' açúcar a muitos metros de distância do formigueiro. Basta esquecer qualquer porçãozinha de doce ou de carne que em no mínimo 1h elas já estarão lá.
A formiga em sí já é bastante problemática quando ela começa a invadir a casa, mas aqui ela resolveu ser cordial e confraternizar com outros convidados indsejáveis: Começou a rolar no início do verão uma relação ecológica terrível que inclui essa formiga e outros parasitas de planta. Terrível para mim e para as plantas, pois para os dois insetos envolvidos, é 'tudo de bão', configurando o bom e velho mutualismo, onde os dois saem ganhando. Vou explicar melhor abaixo.

Cochonilhas 'causando' no vegetal alheio
Já ouviram falar de cochonilhas? São pequenos insetos parentes das cigarras (hemípteros), que assim como os pulgões (também hemípteros), passam a vida a sugar tranquilamente a seiva das pobres das plantas. As cochonilhas vêm nos mais diversos modelos, de branco enovelado à carapaças enceradas coloridas. Em geral elas não costumam ser muito ágeis, sendo que em alguns casos elas se fixam na planta e não saem mais.

E onde entraria a formiga? Bom, a cochonilha suga a seiva elaborada da planta, a que já tem o açucar produzido nas folhas. Quando ela fura o 'seivoduto' da planta, o líquido sob pressão atravessa seu aparelho digestório e sai do outro lado, na forma de uma gotícula adocicada.
direto do forninho
 Esse fenômeno acontece tanto com a cochonilha quanto com os pulgões. É aí que entra em cena a formiga: As formigas surgem para coletar o 'honeydew' (nome em inglês da secreção, que poderia ser traduzido como 'orvalho doce') que é exudado nesse processo. Cochonilhas e pulgões viram verdadeiras fábricas de honeydew, produzindo até mesmo sob pedido das companheiras formigas.





Formiga louca e seu amiguinho verde, o pulgão: alegria em dobro
Em troca do 'almoço grátis', as formigas cuidam do seu rebanho de pulgões e/ou cochonilhas, inspecionando-os a todo momento e combatendo predadores como as joaninhas e vespas. A planta parasitada torna-se literalmente uma fazenda, cultivada laboriosamente pelas formigas ávidas por cocô doce.

Claro, se estivéssemos em uma mata, provavelmente teríamos uma maior população de predadores pra controlar tanto a formiga quanto o pulgão/cochonilha, mas aqui no meio de São Paulo os predadores estão em bem menor número. Os insetos 'praga' tem então passe livre para deitar e rolar na abundância de recursos que nós tontos humanos largamos por aí. A formiga, com fornecimento extra de comida garantido, cresceu em número acompanhando a oferta, e começou visivelmente a aumentar sua presença aqui dentro de casa, invadindo praticamente todos os cômodos da casa. Os pulgões e cochonilhas, sem muitos predadores, também deitaram e rolaram, fazendo um arrastão nos brotos novos dos incautos vegetais.

Para deixar o quadro geral ainda mais insano, o honeydew, quando cai nas folhas, mela tudo, e vira um ótimo lugar para o crescimento de fungos prejudiciais à planta, como a fumagina. Pobres plantas..

Precisava resolver essa questão. Se você larga o jardim assim, em geral a planta, quando não morre, no mínimo fica horrorosa. E uma planta infestada/infectada serve de plataforma para ataques às plantas vizinhas, que estavam tranquilas no canto delas.

Em geral, quando a planta está sendo muito atacada, como no caso aqui de casa, alguma coisa está indo mal. Ou a adubação está inadequada, umidade errada, ou ela está com pouca ou muita luz, ou água demais ou de menos... Como ainda não descobri o motivo dos ataques, tive que apelar para o Plano B e apelar para o armamento químico, tentando ainda ser o mais 'ecoamigável' possível.

Luz no fim do Túnel


Graças à obra grandiosa da coevolução, muitas das plantas desenvolveram substâncias químicas poderosas para impedir ataques de insetos. A nicotina é uma delas. E é justamente com a nicotina, um poderoso veneno, que podemos fazer um pesticida caseiro para aplicar e matar os parasitas de outras plantas que não tiveram essa sorte de ter o composto em seu sistema. (OBS: ótima hora para refletir sobre seus hábitos tabagistas..). A nicotina do nosso preparado é extraída do fumo de corda. A receita não é minha, retirei-a deste site aqui, mas por conhecê-la receita há tempos, sei que está certa.

Inseticida Natural com Fumo

fumando inseticida mermão?
Quarta receita
100 g de fumo em corda
0,5 litro de álcool
0,5 litro de água
100 g de sabão neutro.

Misturar 100 g de fumo em corda cortado em pedacinhos com meio litro de álcool mais meio litro de água deixando curtir por 15 dias.
Decorrido esse tempo, dissolver o sabão em 10 litros de água e juntar com a mistura já curtida de fumo e álcool. Pulverizar nas plantas, nesta concentração, quando o ataque de pragas é intenso ou diluir em até 20 litros de água no caso de baixa infestação de pragas. No caso de hortaliças, respeitar um intervalo mínimo de 12 dias antes da colheita.

O fumo é bão, mas eu mesmo virei adepto de outro tipo de inseticida, que é tão natural quanto, mas que achei mais eficaz: O óleo de Neem. O óleo de Neem, assim como a nicotina, é também um composto produzido por vegetais, no caso uma árvore indiana, para enfrentar seus parasitas. Esse, para uso humano em residências como inseticida, é ainda mais indicado, porque é específico para artrópodes (basicamente insetos e aracnídeos), imitando o hormônio de muda de pele que só eles tem, a ecdizona. O composto especial que a planta produz chama-se Azadiractina, devido ao nome científico do Neem, Azadirachta indica. Olha só como são as fórmulas estruturais:

ecdisona
Azadiroquê?











Quando consumido ou em contato direto com os insetos , o óleo de Neem entra no metabolismo do artrópode e colapsa tudo, em geral esculhambando o finamente regulado processo de muda, fazendo o 'bichim' trocar de carapaça antes da hora, matando-o.


 
É aqui que a Azadiractina entra, esculhambando o ritmo das mudas


Em geral em uns 2 dias não sobra mais praticamente nenhum pulgão ou cochonilha para contar a história. Por agir em algo particular dos artrópodes, o óleo de neem não vai detonar nem a sua saúde nem a dos seus filhos nem dos seus animais domésticos vetebrados. Em geral você encontra o óleo em qualquer casa de jardinagem, não é muito caro (uns 14 reais o pote que dá pra umas 7 aplicações de 2 litros) e além de não ser toxico aos vertebrados, é biodegradável (se degrada depois de 100h de exposição à luz e água).  

Enquanto não encontro as raízes do problema que está infernizando minhas plantas, o plano B tem funcionado bem. Vou tentar aprender a fazer análise de solo, porque é onde acho que estou errando. Fui!